O Misterioso Caso de Styles

FICHA TÉCNICA

Autora: Agatha Christie

Gênero: Romance Policial

Editor original: John Lane

Ano de publicação: Outubro de 1920

Editora brasileira: Globo Livros

Edição: Capa Comum

Tradução brasileira: Ive Brunelli

Publicação brasileira: 2014

Número de páginas: 286

Primeiro livro escrito pela ilustre Rainha do Crime, O Misterioso Caso de Styles é, também, nosso primeiro contato com seu excêntrico detetive particular belga: Hercule Poirot.

Sinopse:

A trama tem como cenário uma casa de campo, a Mansão Styles, herdada por mrs. lnglethorp após a morte de seu primeiro marido e pai de seus dois filhos, John e Lawrence Cavendish. A herdeira estava, agora, casada com seu segundo marido; Alfred Inglethorp. Além destes, também residem na mansão Mary Cavendish, esposa de John; Cynthia Murdoch, filha de um falecido amigo da família; Dorcas, uma empregada doméstica e Evelyn Howard, dama de companhia de mrs. Inglethorp.

O livro inicia com mr. Arthur Hastings narrando como, após um casual encontro com seu conhecido de longa data, John Cavendish, onde o último o convida a passar uma temporada em sua casa de campo, acabaria por se envolver no que mais tarde seria conhecido pelo público como "O caso Styles". A fim de cessar os rumores infundados a cerca do infame caso, mr. Hastings começa a relatar-nos como havia, de fato, ocorrido os eventos que levaram ao ocorrido, assim como a conclusão para o caso.

Aceitando o convite de John, mr. Hastings visita a Mansão, onde fica durante a temporada, e nota certa aversão dos demais residentes para com o novo marido de mrs. lnglethorp, considerado "mais um sujeitinho desprezível" por seu amigo. Apesar do aparente desinteresse em reconhecê-lo como parente, Alfred teria surgido na Mansão como primo em segundo grau de Evelyn, onde ganhou a confiança e admiração da herdeira, a muito contragosto de miss Howard. A dama de companhia teria, inclusive, tentado alertá-la antes de deixar Styles que o homem (vinte anos mais novo que ela) havia se casado apenas por interesse em seu dinheiro e que, na primeira oportunidade, iria matá-la. Quando mrs. lnglethorp é encontrada em seu quarto fechado, esfalecida, algum tempo depois, mr. Hastings pediria a permissão da família para que um velho amigo seu, o excêntrico detetive belga com peculiares características como a cabeça em um formato oval, sempre inclinada para um lado, e longos e rígidos bigodes, monsieur Hercule Poirot, investigasse o caso a fim de esclarecer quem, como e por que assassinou mrs. lnglethorp.

Opinião:

Uma trama simples, porém, com reviravoltas nos momentos corretos. Uma leitura agradável para um dia ensolarado, ao lado de uma bebida refrescante, assim como também é bem apreciada em dias frios, ao lado de uma lareira com um copo de chocolate quente em mãos.

Brincadeiras a parte, o desenvolvimento complexo dos truques que o elemento culpado teve de fazer a fim de escapar impune é surpreendente. Como dito por Poirot em determinado momento: "Todos os detalhes importam!", é preciso seguir atentamente a leitura para que não deixe nada passar despercebido. Ainda assim, mesmo que você não perceba uma ou outra dica do detetive belga quanto aos suspeitos (assim como eu), isso não é um problema: durante o capítulo final tudo é explicado nos menores detalhes, então por mais que algo não faça sentido ou não pareça certo em algum momento, certamente há um motivo por trás disto. Além disso, este livro faz algumas ligeiras referências a medicina, o que pode ser mais um diferencial para quem se identifica com o ramo e deseja iniciar uma nova leitura.

Nota:

Trama: ★★★★★ (5)

Apesar do fato do assassinato de uma personagem rica e influente seja um tanto quanto simples e, até mesmo, comum para histórias do gênero (frequentemente vemos madames com heranças e fortunas imensuráveis serem assassinadas em ficções, seja por questões financeiras, políticas ou amorosas), Agatha consegue fugir um pouco dos padrões ao não inocentar completamente seus personagens até determinado ponto na história, levando-nos a desconfiar de testemunhos e declarações de todos até o último momento.

Personagens: ★★★★★ (5)

Tanto em termos de personalidade sólida quanto em termos de equilíbrio no tempo que passaremos com cada elemento do romance, Agatha demonstra-se impecável, principalmente se considerarmos que este foi o primeiro livro da autora. E, embora um dos personagens secundários (homônimo a outro do elenco principal) ter raras aparições, até mesmo este fato contribui para nutrir ainda mais suspeitas de cada peça deste enigma.

Desenvolvimento: ★★★★★ (5)

Caso seja sua primeira leitura da renomada Rainha do Crime, talvez não consiga se habituar ou, quem sabe, poderá ter certas dificuldade em acompanhar o raciocínio de Poirot, conhecido por ser extremamente complexo por vezes, porém, sem beirar o surrealismo ou "forçar" explicações infundadas ao leitor. Por gostar que seu ajudante pense e decifre o enigma por si mesmo, para que possam chegar a uma conclusão justa e imparcial, grande parte das revelações durante as investigações será feita em forma de dicas, ao oposto das esperadas explicações explícitas durante toda a leitura.

Conclusão: ★★★★★ (5)

Este livro não possui uma, mas sim, duas conclusões. Isto não quer dizer que os métodos ou a pessoa a cometer o assassinato mudaram, apenas as circunstâncias em que a revelação ocorre foi alterada a pedido do editor a publicar a primeira edição da obra, o que, consequentemente, se tomaria outra característica peculiar de Poirot no futuro (embora eu pessoalmente prefira a versão original planejada por Agatha).

Nota Final: ★★★★★ (5)

Uma leitura super recomendada aos fãs da Rainha do Crime ou apenas do gênero. Um romance rápido de ser lido, mas que tem a capacidade de prender nossa atenção. Desde o início de sua carreira repleta de títulos importantíssimos para a ficção policial, Agatha Christie nos mostra seu talento nato, registrando sua marca na literatura inglesa, ou melhor, na literatura mundial.

Curiosidades:

• O personagem Hercule Poirot, de nacionalidade belga, foi inspirado na época em que a autora trabalhou como enfermeira, auxiliando soldados e refugiados belgas em Torquay, Inglaterra.

• Christie apenas conseguiu publicar o livro após a terceira tentativa, pois o manuscrito havia sido rejeitado anteriormente por duas editoras: Hodder and Stoughton e Methuen. Entretanto, ainda foi necessário fazer alterações no capítulo final para que fosse aceito pelo editor que viria a publicar o livro, John Lane.

• O romance rendeu duas adaptações em peças teatrais, uma radionovela na BBC Radio 4 e um episódio na série Agatha Christie's Poirot.

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